EP 028: Cultura de pureza, sexo e sexualidade nas igrejas (com @silviageruza)

Aviso de Gatilho: este episódio lida com questões delicadas referentes à “cultura de pureza” e a atuação (em muitos casos) repressora de igrejas evangélicas sobre a sexualidade das pessoas. Em um certo momento do episódio, questões envolvendo abuso e assédio sexual dentro das igrejas são abordadas. Caso este assunto seja desconfortável para você, recomendamos que você não escute este episódio.


A cultura de pureza tão pervasiva em várias igrejas evangélicas através de movimentos como “Eu Escolhi Esperar”, “Não Morda a Maçã”, “Eu Decidi dar Adeus ao Namoro” e “True Love Waits” (“Quem ama, espera” no Brasil), anéis de pureza sexual, juramentos de virgindade, etc., e seus expoentes (como, por exemplo, Sarah Sheeva) tem causado muitos danos nos jovens e adultos que ouvem as ideias destes movimentos.

Neste vigésimo oitavo episódio do podcast, Leonardo Rossatto e Cedric Graebin recebem a psicóloga, pastora e teóloga Silvia Geruza (@silviageruza) para uma conversa muito franca sobre a tal “cultura de pureza” e os problemas que ela tem observado na sua prática clínica como psicóloga.

ERRATA: o Cedric mencionou o livro “Agora sim, o Noivo pode beijar a Noiva” como sendo do ministério “Eu Escolhi Esperar”, mas o correto é que é do “Instituto Relacionamento em Santidade”.

Notas do episódio:


Trilha sonora do episódio: “After Thoughts” by “Density & Time”


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3 opiniões sobre “EP 028: Cultura de pureza, sexo e sexualidade nas igrejas (com @silviageruza)”

  1. Boa noite, gostei da discussão do episódio, mesmo discordando de alguns posicionamentos da convidada e dos hosts.

    Em especial, gostaria apenas de fazer uma observação: o problema não é a pureza. O problema é a ultrapureza. O exagero e o radicalismo. A repressão desenfreada. A hipocrisia.

    Vou me casar com meu segundo namorado. E não deixei de ser pura por ele não ser o primeiro. Falamos sobre sexo no preparativo de noivos. E não nos tornamos impuros por isso. Beijamos e nos abraçamos, e não nos perdemos ou fomos censurados na igreja. Já comandei chá de lingerie de afilhada de casamento, e não me tornei viciada em sexo ou pornografia por tal coisa.
    Ninguém deixa de ser puro quando vai pro casamento e pratica sexo oral, até mesmo o anal, ou transa com a mulher por cima. E pelo que entendi, não é posicionamento dos senhores de que tais coisas sejam antibiblicas. Então, se a bíblia prescreve a pureza, o problema não é a “cultura da pureza”, mas sim que um radicalismo tacanho se apropriou do termo e tingiu de sujidade o que antes era considerado puro.
    Meus pais na década de 70 namoraram por 4 anos e meio com beijo na boca e abraço, na Baixada Fluminense. O problema foi o tempo em que começou a rolar a cultura da ultrapureza como contraposição a uma sociedade pornificada.

    Eu temo inclusive que a pergunta a ser feita é do porquê retroagimos ao invés de avançar. E não penso que a resposta esteja apenas em Agostinho, em Tomás de Aquino ou Calvino e Wesley. Vivemos tempos com teólogos posteriores, com mulheres de valor nas denominações históricas, com literatura de educação sexual para meninas (eu tive estudos na igreja batista aos 10 anos, e também já ministrei os mesmos). Retroagimos porque, infelizmente, nós, moderados, permitimos que os radicais ocupassem espaço. Fomos omissos. Em especial, a ascenção neopentecostal alardeou esse comportamento, e muitos historicos aproveitaram a onda.
    Também, já verifiquei, e os seminários teológicos são péssimos quando o tema é orientação sobre isso. E daí, muitos pastores que orientam casais tem vergonha de recorrer a sexólogos pra quando o limite de seu conhecimento é alcançado.

    E, embora eu negue o desvalor do não virgem, vejo a castidade fora do casamento como louvável, visto que momentos de continência sexual são frequentes, por exemplo por doença do cônjuge, e hoje casamentos acabam porque marido não consegue se conter no puerpério da esposa, ou esposa larga marido pq desempregou e não consegue fazer sexo porque está com m ânimo deprimido.
    A sexualidade responsável passa pela valorização do que realmente importa.

    Ah, e se não me engano, se falou muito de masturbação masculina e polução saudável, mas mulher também faz, tá? E não tem polução alguma.

    Falta educação sexual precoce, ampla e irrestrita.

    Obrigada pela atenção.

  2. Oi, Silvana. Seu comentário foi extremamente importante inclusive para colocar aspectos que não tratamos no episódio, por falta de tempo ou por falta de sensibilidade nossa em colocar na pauta mesmo. Ainda mais tendo em vista que é muito difícil saber o que é realmente prioritário em uma pauta tão extensa, que está tão presente na Bíblia e no cotidiano das igrejas.

    Em primeiro lugar, faz todo o sentido que o problema seja a cultura de ultrapureza. Talvez não tenhamos conseguido colocar isso, mas o problema, como você mesma disse, está no exagero. Outra coisa que passou ao largo, infelizmente, foi a questão da pornografia e de como ela tem sido uma espécie de “aprendizado” em relação ao tema para muitas pessoas, inclusive nas igrejas. Estamos em uma sociedade em que 30% dos PASTORES dos EUA tinham problema com pornografia em 2015. Não é de se imaginar que entre a membresia a porcentagem seja diferente.

    A questão dos casamentos que acabam no puerpério também é muito importante de abordar. Não temos uma estatística à respeito, mas uma estatística mais geral pode ajudar a elucidar isso: um em cada 3 casamentos termina em divórcio no Brasil, e 80% desses divórcios são nos cinco primeiros anos de casamento. Além disso, as duas principais causas de divórcio são traição e questões financeiras. Então é prudente considerar que uma parte desses divórcios tenham sim a ver com o resguardo feminino durante o período da gravidez e em que a mulher está puérpera, embora não constem estatísticas confiáveis à respeito.

    E, finalmente, a gente falhou mesmo em não abordar a masturbação feminina. Pra ver como as coisas estão incutidas. Esse tema é tão tabu dentro da igreja que nem lembramos de abordar. Lamentável mesmo.

    Só queremos salientar que gostaríamos de enriquecer essa discussão mais pra frente também. E opiniões como a sua são muito importantes. Obrigado, Silvana. E um abraco!

  3. Amei o podcast!
    Sou de criação católica, mas não me considero mais e tb não sou evangélica, mas sou historiadora e tenho muito interesse em como o tema da sexualidade é tratado dentro das Igrejas ao longo do tempo e principalmente nos dias atuais, com o avanço de um conservadorismo quase medieval nos templos diversos.
    Fico imensamente feliz em saber que há espaços de discussão como este aqui, que podem (e devem) funcionar como outra visão para esses jovens um pouco subjugados pelo peso que as Igrejas põem na vivência “correta” da juventude.
    Gostei muito e os parabenizo pelo trabalho, vcs e Silvia! 😘

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